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Foto do escritorLuiza Gonçalves

Quem faz o cacau cabruca hoje

Práticas e desafios do trabalhador do cacau no sul da Bahia

Texto Luiza Gonçalves

Entrevistas Luiza Gonçalves e Luísa Ximenes


Os sinais não demoram a aparecer desde que se pisa os pés em Ilhéus. Na paisagem, nos pratos, nos produtos e no turismo da região. Pelo imaginário, talvez você se lembra de passagens de Jorge Amado, dentre coronéis e jagunços. Mas na atualidade, a marca do trabalho marcha já no acostamento da estrada: homens com cintos de couro, facões e galochas a caminho da cabruca, “Estamos chegando na Estrada do Chocolate, que liga Ilhéus a Uruçuca, vou abaixar os vidros, aqui perto das fábricas vocês sentirão o cheiro” dizia Diego, motorista que acompanhava a expedição. E de fato, a doçura do chocolate invadia o veículo e o olfato.  Polo de comércio, de estudos e de cultura, cidades como Itacaré, Uruçuca, Ilhéus, Itabuna, Coaraci, Una e Canavieiras formam na costa sul baiana uma identidade e uma história marcada pelo fruto do cacau.  


“O cacau é uma paixão e o cacau é resiliente, ele é muito forte e circula no sangue dessa região. Apesar da diversificação, que é importante, a gente viu que a monocultura não é inteligente, mas o produto principal, e o que o produtor dessa região gosta é de produzir, é o  cacau”, declara Venâncio Leal. Engenheiro agrônomo e técnico agrícola, ele trabalha em consultorias e projetos de cacau e hoje representa a Fazenda Independência e o Sindicato Rural de Coaraci. Sua vida é marcada pelo cacau, seus pais eram produtores do fruto e Venâncio relata que acompanhou o ciclo áureo, sua derrota, com a vassoura de bruxa e hoje sua reconfiguração. “Eu nasci no cacau, eu sou filho do cacau.” 


Sinalização da Estrada do Chocolate em Ilhéus que reúne fazendas de cacau / Foto: Luiza Gonçalves

Assim como para Venâncio, o cacau demarca a vida de muitas pessoas no território litoral sul da Bahia, na faixa conhecida como Costa do Cacau. Uma tradição que começa em 1746 e passa por anos de plantio, comércio, estudos, erros e acertos, que consolidaram a região com o status lavoura cacaueira no cenário econômico da Bahia e do Brasil. Hoje novos desafios do trabalho, pós era de ouro do cacau e crise da vassoura-de-bruxa, que assolou a produção nos anos 80 e 90, e a intensificação das mudanças climáticas se fazem presentes na realidade dos produtores. Baixas de produção, implementação de novas técnicas e fenômenos como seca e chuvas intensas têm sido uma realidade no sul da Bahia, que ganham força desde 2015.


Se antigamente o plantio do cacau era majoritariamente valorizado por sua potência econômica, hoje através da valorização da Cabruca, uma agrofloresta, ele se faz fundamental para a manutenção do clima da região e na contenção do impacto das mudanças climáticas. Para entender mais sobre como a trajetória do trabalho se desenvolveu ao longo dos anos e tem sido feito nas roças de cacau, realizamos uma expedição das fazendas: Alegrias (Ilhéus), Taboquinhas (Itacaré), Novo Oriente (Uruçuca) e Fazenda Tantilhas (Maraú) em dezembro de 2023 e conversamos com pessoas que tem do cacau seu sustento, profissão, objeto de estudo e perspectiva de futuro.  


A consolidação do trabalho no cacau 


A região do sul da Bahia experimentou mudanças significativas na economia, no trabalho e no meio ambiente ao longo dos anos. No auge do cultivo de cacau durante o século XX, a área se tornou o segundo maior exportador mundial, impulsionando o desenvolvimento de Ilhéus com investimentos em infraestrutura. 


Nas décadas de 60 e 70, a região se destacou como centro de pesquisa agrícola, com a presença da Ceplac, que fornecia assistência técnica aos produtores e financiamento para projetos de desenvolvimento. O engenheiro agrônomo Geraldo Sodré, com anos de experiência na Ceplac, descreveu o processo de plantio, que incluía a derrubada de áreas da Mata Atlântica - na época as leis de conservação ainda não vigoravam - e queimada para limpar o solo. Foram feitas algumas áreas de plantio a pleno sol ou com pouco sombreamento, porém o plantio característico e majoritário da região era na cabruca.    


“O cacau característico da região é o cacau cabruca, que vem de cabrucar. E o que é cabrucar? É entrar na mata, na majestosa Mata Atlântica e lá as pessoas retiravam um pouco das vegetações menores e deixava as maiores. Com esse raleamento das árvores, eles plantavam os caroços de cacau a bico de facão. Não foi fácil plantar nessa região, ela foi feita por homens desbravadores, era bem laboral. E o cacau teve o apogeu do melhor preço, virou um ouro e isso estimulou ainda mais a produção”, recapitula o agrônomo Venancio Leal. 


No sul da Bahia, a perspectiva de riqueza atraiu imigrantes de outras regiões do estado e do Sergipe, como foi o caso dos pais de Venâncio Leal. Órfão de pai e mãe ainda na infância, Venâncio assumiu a produção ainda jovem. “A minha família produzia quase 100 mil arrobas de cacau. Meu pai produzia cerca de 20 mil arrobas em uma fazenda, chamada Fazenda Primitiva. Para essa produção, tinha uma média de 50 a 70 pessoas, 1 homem a cada 5 hectares, se você tivesse 100 hectares você tinha 20 homens, mas hoje a realidade não é essa”, relembrou. 


Venâncio Leal / Foto: Luiza Gonçalves

A produção de cacau se concentra em dois períodos: o Temporão, que vai mais ou menos de abril até agosto, e a Safra, de setembro até janeiro. Ao longo do ano haviam dois, três ou no máximo quatro meses onde não se teria fruto para colher. Entretanto, ambos Venâncio e Sodré afirmam que, antigamente, o fluxo de cacau era o ano inteiro, tendo apenas uma maior produtividade no Temporão e na Safra. A procura e a oferta de mão de obra eram altas, atraindo migrantes e safristas para fazer os serviços de colheita, roçagem, adubação e combate de pragas como a podridão parda. 


“Antigamente muitos tinham trabalho de carteira assinada ou prestavam serviço por empreita. Na colheita de cacau, a pessoa colhia e pagava por caixa, caixa de 100%, que é uma caixa de duas arrobas de cacau, então era pago naquela época uns 5 cruzeiros por uma caixa de cacau. Tinha o pessoal que era CLT na época e os que não eram CLT, mas eram fichados e recebiam o dinheiro mensalmente. E tinha aqueles outros que entravam na época da produção. Mas toda fazenda tinha muito trabalhador porque era cacau o ano todo. Era uma região que gerava muita renda e as cidades eram pouco povoadas, mas a zona rural era efervescente”, declara Venâncio.


Para muitos a permanência nas fazendas era garantida mesmo no paradeiro: “Os trabalhadores ficavam nas fazendas. Não havia esse apelo de ir para a cidade”, chama a atenção Sodré. Entretanto o trabalho era difícil e em por muitas vezes exploratório. “Apesar de aqui funcionar o sistema de pagamento de registro CLT, havia muitas questões trabalhistas, na maioria das vezes ligadas a carga horária trabalhada. A justiça do trabalho aqui era muito demandada, porque havia muitos problemas”, conta. Na época, o rendimento do cacau era muito alto, por volta de 4000 dólares por tonelada e produtividades de 750 kg por hectare. “Mão de obra farta acontecendo à vontade, muito crédito à vontade, então isso tudo estimulava”, sintetiza Sodré. 


Praga da vassoura-de-bruxa


Em 1989 foi relatada a primeira ocorrência da vassoura-de-bruxa na Bahia, na Fazenda Conjunto Santana, no município de Uruçuca. A doença provoca perdas superiores a 50% da produção de cacau, atacando todas as partes vegetativas da planta e não possui controle químico efetivo.


“O trabalho foi marginalizado, a produtividade que já foi 750 kg por hectare caiu para 350, os preços ficaram muito baixos. Houve problemas de corte de madeira, destruíram muito da Mata Atlântica, algumas cabrucas se perderam. E nós tivemos um empobrecimento total, cerca de 250 mil trabalhadores migraram para Porto Seguro, por exemplo. As cidades ficaram pobres, muitas questões de violência. Itabuna chegou a ser a cidade mais violenta do Brasil”, relembra Geraldo Sodré. Com a praga da vassoura-de-bruxa, uma cultura agrícola sustentável na cabruca, que retira carbono da atmosfera, foi trocada em boa parte por pastagens e a pecuária, acarretando no agravamento das condições climáticas na região, como veremos mais adiante. 


Cacau com Vassoura-de-Bruxa / Foto: Luiza Gonçalves

Além disso, como destacado por Venâncio, a queda da produção descapitalizou os produtores. Na época o penhor agrícola era uma prática comum na região, que consistia em penhorar a safra seguinte. Com a baixa produtividade, o penhor não aconteceu, o que fez as fazendas ficarem endividadas até hoje, impactando no desenvolvimento da região e fazendo com que muitas fossem hipotecadas aos bancos. 


Com o agravamento da doença, os cacauicultores do sul da Bahia tiveram que se adequar e buscar variedades de cacau resistentes a partir das clonagens e adotar novas práticas de manutenção da fazenda. “O produtor e a Ceplac começaram a selecionar as plantas que eram resistentes à vassoura e assim se deu a nova cacauicultura, que é totalmente diferente da anterior. Ela preza o número de plantas, não falamos mais de cacau por área. Agora, 1 hectare tem que ter no mínimo 1000 plantas para ser viável. Essas 1000 plantas têm que produzir na cabruca no mínimo 80 arrobas e no pleno sol 100 a 150 arrobas de cacau”, afirma o consultor agrícola. 


A nova cacauicultura também trouxe avanços tecnológicos e uma nova forma de trabalho: o sistema de parceria, com a baixa da mão de obra CLT. A diminuição do trabalho de carteira assinada se deu pela redução do volume de trabalho nas fazendas ao longo do ano e por muitos produtores não poderem mais bancar a contratação. Na parceria agrícola, a família/parceiro toma conta de alguns hectares cedidos pelo produtor. Trabalham na área, colhem o cacau e fazem as práticas básicas. Na divisão, 50% da produção fica na fazenda e 50% com o parceiro. Hoje um modelo de meeiros também é comum. O cenário também foi marcado pela reforma agrária, chegada de novos produtores e a demarcação de assentamentos na região. Além da produtividade, a agricultura do cacau hoje presa por outras variante, como qualidade e sustentabilidade.


Um mergulho nas fazendas de hoje


Nas cidades do sul da Bahia se encontram uma variedade de terras e produtores de cacau, sendo aproximadamente 150 mil trabalhadores ligados diretamente à cacauicultura. Fazendas com parceria, fazendas ainda com o modelo tradicional de CLT, fazendas geridas sob a lógica da permacultura e assentamentos com agricultura familiar. Nelas, as dificuldades herdadas da vassoura foram aos poucos ultrapassadas e novos desafios se apresentaram. Porém a cultura do cacau resiste com paixão, esperança e muito esforço. 


Durante a expedição, observamos mulheres, homens, jovens, senhores e senhoras trabalhando nas roças de cacau. Pessoas que estão há anos no ofício e acompanharam a crise de perto, ou novos rostos que assumem o desafio. O trabalho árduo, ainda muito artesanal, em que muitas vezes uma pessoa acumula quase todas as funções da colheita do fruto a entrega das amêndoas. E altamente sujeito às intempéries: hora calor escaldante, hora chuva que impossibilita o ofício. Constatamos também a pouca utilização de EPI’s e modelos de manejo que variam de parceiro em parceiro, de local a local.  


Galochas e botas de trabalhadores / Foto: Luiza Gonçalves

Quem vê a familiaridade de Sr. Oswaldo com as matas na Fazenda Taboquinhas não imagina que ele chegou ao sul da Bahia há pouco menos de 10 anos. Originalmente de Marica, Rio de Janeiro, Oswaldo teve seu primeiro contato com a agricultura aos 12 anos, quando trabalhou num plantio de cana de açúcar.  Se mudou para São Paulo, teve vários ofícios, se envolveu com voluntariado e permacultura até se tornar um “ecochato” como ele mesmo define. Em 2015 se mudou para a região de Taboquinhas, onde detém as cabrucas da Fazenda Taboquinhas.  


“Nunca me conformei de ter visto o rio onde eu fui criado morrer”, revela Oswaldo. O que começou na política de “cada um fazer sua parte” pelo meio ambiente, resultou na gestão da Fazenda Taboquinhas. Ele cuidando do manejo do cacau e das sementes e dona Laura, sua esposa, na fábrica artesanal locada na fazenda que além das barras de chocolate, produz licor de mel de cacau, mel de cacau puro, geléia e outros produtos de cacau. 


“O cacau exige um cuidado permanente, ele não te dá descanso. Tem uma colheita todo mês entre abril e dezembro. Nessa minha área de 8 hectares, eu fecho uma semana a cada mês no período de colheita. É durante a colheita que você tem as manutenções necessárias: poda, desbrota, retirar fungo das árvores, brotos, roçar, limpar, fertilizar…No meu caso, que é orgânico, a cada 3 meses você tem que roçar se não, não tem como trabalhar lá dentro. O trabalho do cacau é contínuo, não te dá descanso. Você leva quase 30 dias pra roçar a roça toda, terminou de roçar vai fazer a desbrota, terminou a desbrota tem a vassoura para remover, colher, terminou a colheita vai tratar casqueiro, secar cacau…Se você tem várias pessoas dá para cada um fazer uma função, mas a gente da agricultura familiar é puxado, você faz uma coisa e deixa de fazer outras duas ou três, não tem muito jeito”, explica o agricultor sobre a dinâmica na plantação.  


Em sua fazenda realizam o mínimo de intervenção possível nas plantas, sem utilização de químicos. Contam eventualmente com um ou dois colaboradores da localidade, para ajudar na roçagem e na poda, e com cinco pessoas no período de colheita. Seu Oswaldo indica que a mão de obra é uma de suas maiores dificuldades atualmente: “É pedindo pelo amor de Deus para vir porque a mão de obra tá complicada. E não é só aqui não, isso aí hoje é um problema geral”. 


Seu Oswaldo comanda a Fazenda Taboquinhas / Foto: Luiza Gonçalves

Foi da união entre as fazendas Juliana, Vera Cruz e Lua Nova que surgiu a Fazenda Tantilhas com Roberto Adami de Sá em 1970 em Maraú. A imagem é marcante: árvores frondosas, imensas cabrucas que sobem e descem o relevo, um açude e uma bela casa vermelha.  No ar, o cheiro de cravos paira por toda a proximidade da propriedade. Em 1996 a administração da fazenda foi assumida por Roberto Adami de Sá Júnior, em plena crise do cacau, que permanece no cargo até hoje. Na fazenda são produzidos mel de cacau, geleia, chocolate, licor e amêndoas selecionadas. 


Na visita a Tantilhas conversamos com Ederbal, responsável pela administração técnica e funcionário da Fazenda Tantilhas há 12 anos. Original de Ubaitaba, cidade que fica aproximadamente 50 km de Maraú, ele conta que o cacau está na sua vida desde muito cedo. “Eu já nasci no meio, meu pai tinha fazenda, minha mãe tinha uma propriedadezinha pequena e depois eu segui o caminho e fui trabalhar nas fazendas”, conta.


A área produtiva da Tantilhas está em 40 hectares de cacau com aproximadamente 42.000 pés. A maior parte da produção é de cacau cabruca, com 32 hectares. Na cabruca algumas mudanças acompanharam as práticas dos trabalhadores da fazenda, uma delas foi a implantação dos clones de cacau, reflexo da vassoura de bruxa, explica Ederbal. “Antigamente a gente trabalhava com o cacau comum só que ele ficou muito suscetível a vassoura. A gente perdia e perde muito dele até hoje. Com essa mudança de genética, a gente começou a aperfeiçoar. Hoje trabalhamos com o PS319 e outras plantas que são mais resistentes e, consequentemente, a perda é bem menor”, explica.


Sementes de cacau secando na barcaça na Fazenda Tantilhas / Foto: Luiza Gonçalves

O administrador defende que a cabruca continua sendo a melhor para evitar a incidência de pragas e o excesso de exposição ao sol. Na fazenda há também uma área de 8 hectares de cacau fertirrigado, uma nova tecnologia implementada. De acordo com Ederbal, o sistema aumenta a produtividade e gera retorno num período mais curto para o agricultor, porém apresenta alguns inconvenientes em relação a preço e instalação. “O custo hoje é uma média de 15 a 20 mil por hectare, envolvendo canos pvc, mangueira, bomba, expressor e a bomba automática. Além dos custos, você tem o trabalho de ter que correr a área toda para ver se esses expressores estão funcionando ou se tem alguma vazão de água, para não perder a pressão da bomba.” 


Maria e Ederbal da Fazenda Tantilhas / Foto: Luiza Gonçalves

A Fazenda Tantilhas atualmente possui 6 colaboradores e 4 trabalhadores em sistema de parceria. A adoção dos parceiros se deu após a vassoura com a dificuldade de encontrar mão de obra na região e, devido a queda de produtividade, a dificuldade de manter o número necessário de CLTS para cuidar da área com os recursos vindos da plantação, relata Ederbal. 


“Na parceria 50% da produção é do parceiro, 50% da fazenda e as despesas com herbicida e outras coisas é 50% para cada. O parceiro tem mais flexibilidade, mas o que a gente cobra é a área dele estar limpa e bem cuidada. Mas em relação ao horário, por exemplo, às vezes eles começam a trabalhar às 8h e ficam até 14h, 15h, às vezes ele trabalha só um período, um turno só pela manhã. Ou quando ele vai à tarde, volta mais cedo, mas não tem o compromisso e a obrigação que o CLT tem”, exemplifica Ederbal. 


Uma das parceiras que conhecemos na fazenda foi Dona Maria e alguns membros de sua família, como seu filho Anthony e seu irmão Nerival. Todos moram em casas em terrenos arrendados da fazenda e desempenham suas atividades do dia a dia no cacau e em outras culturas. Dona Maria, 54 anos, foi criada na fazenda Tantilhas com os pais que também trabalhavam com cacau, foi funcionária da sede e hoje em dia trabalha como parceira. Ela nos conduziu como uma expert no caminho adentro da mata do cacau, com suas folhas no chão, subidas e descidas, até um local em que estava ocorrendo a quebra do cacau. Observando o processo, ela compartilha um pouco mais sobre sua vivência na fazenda. 


“Aqui eu fazia tudo, fazia limpeza da sede, cuidava dos bichos, cuidava do cacau, fazia chocolate, faço o licor também de mel de cacau, de tudo eu mexo um pouquinho. Hoje na parceria, a gente faz a colheita e é dividido, meio a meio. Eu sinto que a diferença entre esse cacau clonado e o normal é que esse tem que ter mais cuidado, mas melhorou muito a produção”, explica Dona Maria. 


Ela conta que nos períodos de baixa produtividade, tende a reservar uma parte do cacau e do dinheiro e foca na produção de licor, chocolate, polpa, geléia, para garantir seu sustento e pagar as pessoas que a ajudam em sua área. “É correria. Trabalho durante toda a semana, tiro uma folguinha para fazer a limpeza da casa, da fábrica e vou cada dia fazendo um pedacinho de uma coisa”, revela. 


A produtora de cacau Maria mostrando mudas de cacau / Foto: Luiza Gonçalves

Uma das pessoas que ajuda Maria e que também realiza o plantio de cacau é seu filho Anthony de 17 anos. Ele afirma que sua experiência com o cacau passou a interessá-lo mais a partir do colégio onde fez um curso sobre beneficiamento do cacau e cuidados na roça: “ A gente aprendeu o cuidado com o casqueiro na roça, o cuidado na poda, o cuidado na hora de plantar o cacau…muitas coisas que às vezes a gente tá no campo, mas ainda não sabe”. Anthony tem desenvolvido um viveiro com mudas de cacau para comércio na área aos fundos de sua casa e também cuida de plantios de maracujá, aipim e melancias.


Anthony trabalha com o plantio de cacau e outras frutas e vegetais / Foto: Luiza Gonçalves

Andando com Dona Maria algumas casas adiante da sua, encontra-se Seu Nerival Souza, 58 anos, irmão mais velho de Maria e que também compartilha um pouco de sua trajetória. “Nasci aqui mesmo na roça e aprendi a cuidar do cacau com meu pai. Essa roça foi ele que plantou. Eu cuido do cacau e das mudas. Já tenho muitos anos no cacau, desde os 12, 13 anos, que eu já trabalhava em roça. Hoje em dia eu acho que o trabalho tá mais fácil. Antigamente o negócio era mais difícil, hoje a gente tem mais apoio, às vezes vem um técnico que dá informação das mudas, de como fazer a clonagem e a replanta na roça. E a gente continua assim mesmo lutando, nossa função é o cacau.”


Nerival Souza é produtor de cacau e comercializa mudas / Foto: Luiza Gonçalves

Edmilson Rodrigues acompanha a Fazenda Novo Oriente desde sua aquisição por Paulo Torres em 1993. Já acumula 30 anos de trabalho na propriedade, tornando-se administrador e braço direito de Paulo, que vive em Londres. A fazenda possui 113 hectares, 91 hectares de cacau com 78.000 árvores além de contar com 1 casa de administrador, 7 casas de trabalhadores, uma área de pasto, horta e um campo de futebol.  


De botas, facão na cintura e a blusa do seu time do coração - o Flamengo - Edmilson é bem humorado e sabe cada mínimo detalhe que se passa na Novo Oriente. “Isso aqui é minha vida aqui. Eu tenho muito orgulho”. Conhecedor do cacau, ao adentrar a cabruca ele nos mostra os diferentes tipos de clone na propriedade, que foram implementados por toda área de cacau.


“Quando eu cheguei isso aqui era tudo cacau velho. Só que logo a vassoura de bruxa caiu para cima, na época deu 98% de cacau de bruxa. Aí foi quando resolvemos tirar. A gente tinha 32 funcionários, todos fixos, teve que cortar todas as plantas, na fazenda todinha de ponta a ponta. A fazenda estava toda perdida de mato, onde olhava era cacau de bruxa, aí a produção de 3.000 e pouco foi diminuindo, diminuindo, até chegar a 300 arrobas. Foi uma dificuldade muito grande, a gente ficou mais ou menos uns 10 anos no vermelho”, rememora Edmilson.  


Edmilson Rodrigues administrador da Fazenda Novo Oriente / Foto: Luiza Gonçalves

Atualmente a fazenda adota o modelo de parceria, tendo 16 parceiros. A maioria deles é de Uruçuca e vão diariamente para a roça, mas alguns moram em casas presentes no terreno da fazenda. Edmilson explica um pouco da dinâmica de trabalho: “Eles começam às 6 horas da manhã, tem vezes que até 12h. Às 14h eles vão embora para casa, a rotina é de segunda a sexta, mas tem alguns deles que vem até dia de sábado. E a divisão é 50%.  Dessas casas que tem aqui na fazenda, trabalha todo mundo aqui também. São sete famílias e a rotina é a mesma.” 


Durante o período do paradeiro, que o cacau tem uma baixa na produtividade, a fazenda muda o esquema e o parceiro detém 100% da produção. Edmilson salienta que essa prática é uma tentativa de garantir uma renda extra e a sobrevivência nesse período, evitando que o parceiro precise buscar trabalho em outras fazendas e fique suscetível a acidentes de trabalho ou outros inconvenientes. 


Além das práticas de poda, desbrota, quebra, roçagem e secagem, uma das atividades destacadas  por Edmilson é o controle de pragas, como a proliferação de doenças do cacau pelo casqueiro. “Quanto é fruto que a gente colhe na roça, se ele tá doente, a gente não  pode deixar o casqueiro à toa, temos que retirar ele da cabruca. Aí depois que faz o processo, a gente vai e cobre tudo novamente para não se espalhar mais doenças. Os que não tem doença, deixamos pela roça mesmo, mas a gente junta, cobre com as folhas de cacau e com cal para evitar fungos”, resume. 


Cacaueiro com frutos em diferentes etapas de desenvolvimento na Fazenda Novo Oriente / Foto: Luiza Gonçalves

A família Lavigne tem feito parte da tradição do cacau no Sul da Bahia desde 1815. A atual Fazenda Alegrias em Ihéus foi adquirida por Antônio Lavigne de Lemos, o Sêno, na década de 50 e está com a família em caráter de sucessão há aproximadamente 70 anos. Atualmente a fazenda tem aproximadamente 170 hectares e conta com sete colaboradores em regime de carteira assinada (CLT). Destes sete, cinco são residentes na fazenda. Hoje a Alegrias é dirigida por Antônio Lavigne, bisneto de Senô, que também vive na fazenda. 


Equilíbrio entre a tradição familiar, natureza e inovação é o balanço buscado por Lavigne desde que assumiu a fazenda em 2004. Hoje a propriedade investe em cacau e chocolate fino, turismo rural e capacitação profissional, porém Lavigne destaca que os desafios da adaptação da lavoura ainda são expressivos e a região permanece abalada pela crise. 


“O interior da Bahia hoje, do Sul da Bahia, é uma região pobre e foi um empobrecimento construído exatamente pela queda do cacau. É um reflexo do que aconteceu pela crise da vassoura. E hoje a gente vive um processo de retomada, uma revisão do contexto de reestruturação geral da coisa. Desde novos gestores, uma nova geração de produtores ou a nova geração de quem já tinha um contato familiar, como é a minha realidade. E é uma lavoura que precisa de investimento para ela se reiniciar, uma reconstrução de um conjunto inteiro”, analisa. 


A maior dificuldade apontada por Lavigne, assim como os outros produtores até aqui, é a escassez de mão de obra e a falta de qualificação desta. Ele explica que a fazenda acaba absorvendo o excedente da mão de obra urbana e que, por vezes, após o processo de capacitação do manejo das ferramentas, quando o trabalhador começa a entender a dinâmica do campo, ele acaba abandonando o trabalho por uma oportunidade na cidade. “A gente começa a preparar o cara, ele começa a entender como é o serviço, a eficiência do trabalho, começa a entrar num ciclo legal e a gente perde ele. Não sei, às vezes é por uma oportunidade de trabalho na cidade. E eu acho que hoje o trabalhador do campo, principalmente da lavoura do cacau, o cara não tem orgulho de dizer eu sou trabalhador do campo do cacau”, reflete.  


O produtor diz que, com vassoura de bruxa, a lavoura se tornou mais extrativista, necessitando a renovação das áreas e eficiência nos cultivos, um processo lento e custoso. Um hectare implantado em três anos, que é quando ele vai começar a dar o retorno, tem um custo de 45 mil reais, se pagando em 5 a 10 anos. A mão de obra representa em torno de 60% da implantação. “E quando a gente volta para a questão da ineficiência do serviço, aí esse curso ele galopa”, enfatiza. 


Além disso, a lavoura na cabruca apresenta dificuldades na implantação de mecanização, fazendo com que todo processo ainda seja majoritariamente artesanal. Porém, Lavigne mantém-se positivo na possibilidade de encontrar um equilíbrio e avançar na renovação do cacau. “Eu sou suspeito para falar porque eu acredito no cacau. Eu acho que isso aqui é uma lavoura que tem futuro, sabe? Eu acho que é algo que tem condição de voltar a ser o brilho dos olhos.”

Produtor Antônio Lavigne / Foto: Luiza Gonçalves

Nas décadas de 80 e 90 fortaleceram-se os processos de reforma agrária e apropriação de terras no sul da Bahia, ocasionando no surgimento de assentamentos na região. Um deles foi o Frei Vantuy, em 1999, que fica a 10 km de Ilhéu e possui uma área de 476 hectares. A maior parte de seus habitantes vive da agricultura familiar e do comércio. 


Maísa Afonso Amaral mora no projeto desde o ano de 2003 e faz parte das lideranças desde 2005, quando através de uma quebra de diretoria, conseguiu com outras mulheres eleger uma chapa 100% feminina para lutar contra as desigualdades de gênero na comunidade. Além de líder, ela é voluntária do Grupo de Amigos da Praia (GAP) com sede em Ilhéus e produtora de cacau. “Eu tenho na minha roça e grande parte é cacau, mas em consórcio com outras frutas como banana, cupuaçu, graviola, tangerina, uma diversidade muito grande. Meu lote é de 8 hectares e eu tenho uma produção de mais ou menos de 150 a 200 arrobas no ano”, conta. Para ela, dentre suas maiores dificuldades está a locomoção da produção da roça por não ter estrada no trecho e depender da tração animal, muitas vezes não sendo suficiente. 


De acordo com Maísa, atualmente o assentamento possui aproximadamente 320 pessoas, dentre famílias residentes e agregados. Com suas rotinas próprias de trabalho em seus lotes e coletiva em algumas etapas da produção de frutas, hortaliças  e subprodutos. “Cada um de uma forma individualizada, diferente, mas que quando se une, se torna muito grande. A produção não é diferente de uma outra fazenda tradicional, a diferença é que nós temos liberdade de ser nosso. E nas fazendas tradicionais, ele tem o proprietário”. Além disso, ela destaca como regra coletiva a obrigatoriedade do estudo das crianças e adolescentes, antes de ajudarem nos plantios e atividades desempenhadas no assentamento. 


No assentamento eles realizam assembleias coletivas semanalmente para decidir tudo relacionado ao bem-estar da comunidade, implementar inovações e assistência técnica no  acompanhamento das produções e realizar prestação de contas. A localidade é auditada pela Controladoria Geral da União (CGU) e recentemente ganhou financiamento do  programa Bahia Produtiva, que ira custear a ampliação e reforma de uma fábrica de frutas desidratadas existente no assentamento, permitindo a comercialização de outros produtos como polpa, doce, geleia, compota de cacau, além de chocolate. “Com a fábrica funcionando a gente vai aproveitar tudo, não vai perder nada e vamos conseguir deslanchar”, diz Maísa animada. 


Mudanças climáticas e o impacto no trabalho 


O  agravamento das mudanças climáticas na última década vem ameaçando uma série de culturas agrícolas no mundo e uma delas é a do cacau. Com o aumento da temperatura global, ocasionada pela ação humana, os eventos extremos como seca e chuvas severas têm sido uma realidade recorrente no sul da Bahia e redesenham as práticas da cacauicultura. “A  gente olha a história da região e vê os sinais do impacto. Em 47 a gente teve inundações, no início de 60 a gente teve estiagem severa. É um processo repetitivo,  2015 teve estiagem severa, 2019 as águas de forma mais severa”, relembra o produtor Antônio Lavigne. 


O mesmo fato é apresentado por Jurema, uma das coordenadoras do Grupo de Amigos da Praia (GAP), ONG de Ilhéus que desde 2021 trabalha em ações de ajuda humanitária em decorrência das chuvas intensas que assolaram a região. “Aqui no GAP nós temos fundadores que são pessoas bem antigas na cidade de Ilhéus e elas sempre relatam as histórias das enchentes de 47, depois as enchentes de 67 e tudo que acontece em Itabuna no Rio Cachoeira impacta diretamente Ilhéus. Então os eventos aconteciam de 40 e 40 anos, era uma história que os avós contavam para os seus netos e hoje não, o GAP por exemplo já atendeu famílias, principalmente pequenos produtores de cacau quatro vezes de 2021 para cá. Foi 2021 que foi em dezembro, depois de janeiro de 2022, dezembro de 2022, abril de 2023”. 


O ciclo de eventos climáticos mais recente na memória dos produtores começa com um período de seca nos anos de 2015 e 2016 que resultou na perda de 60.000 hectares e 44 milhões de cacaueiros e num aumento das taxas de desemprego na região. O produtor Oswaldo, que chegou à região em 2015, diz que até hoje parte de sua área está inutilizada, onde os pés de cacau morreram com a seca. 


As atividades desempenhadas nas plantações são interrompidas e o foco muitas vezes acaba se deslocando para irrigação, como explica o agrônomo Venâncio Leal. “Num período crítico de seca desse, a fazenda para. Você não pode fazer a poda, porque as plantas estão com um déficit hídrico muito grande, você não pode roçar porque tem chance de matar muita vegetação, ao aplicar um herbicida, ele vai secar e vai irradiar muito mais calor na terra. Então é um período crítico dentro de uma fazenda, porque praticamente não tem muito o que fazer. Em 2015 foi assim e agora está começando a acontecer o mesmo, as fazendas praticamente fazem uma coisa: quem tem cacau novo molha cacau. A seca implica em tudo.”


Além do interrompendo drástico da produção, Edmilson Rodrigues, administrador da Fazenda Novo Oriente, conta que em 2015 enfrentaram a mortalidade de 283 plantas na fazenda. Ele explica que normalmente durante seca prolongadas o cacau que morre precisa ser retirado e substituído por uma nova muda. O tempo quente afeta o desenvolvimento de tarefas como a poda, que se feita no calor pode abrir uma janela para doenças e impactar na recuperação da planta, que não teria tanta energia para poder sobreviver aos cortes. Além disso, e talvez um dos impactos mais significativos, é no bem estar dos trabalhadores. “A fadiga no corpo é muita com esse calor intenso. Mesmo lá dentro da roça, debaixo da sombra da cabruca, é muito quente”, enfatiza. 


Um último impacto relatado por Edmilson e vivido na pele por Maísa do assentamento Frei Vantuy é o risco de incêndios na roça. “O ano de 2015 impactou muito a lavoura do cacau por conta dos incêndios, que teve muitos, e da escassez de água. Foi terrível, a gente tem que fazer brigadas aqui na própria comunidade para poder apagar os incêndios. Não tinha dia, nem horário e tivemos um um prejuízo muito grande”.


A enchente lavou as roças de cacau, era surpreendente, assim surreal. A produção arrasada, muita flor caiu, o cacau foi lavado pelas águas e os poços de água contaminados. Nós atendemos diversas localidades onde tinham pequenos produtores principalmente da agricultura familiar, tanto nas margens do Rio Cachoeira quanto nos assentamentos. Frei Vantury, na Paute, também nos distritos de Sambaituba, Castelo Novo, Vila Olímpia”, relata Jurema do GAP sobre a situação de crise vivida em 2021. A ocorrência de chuvas e enchentes na região permaneceu em 2022, 2023 e agora em 2024. 


Ações dos voluntários do GAP durante as chuvas de 2021 / Foto: Reprodução/Instagram

Se o cacau com sol em excesso é prejudicado, chuva em excesso não seria diferente. “Se a área tem muito cacau de baixa, ele fica alagado, fica asfixiado, não produz. Outra coisa, pouca luminosidade a planta não faz fotossíntese, não produz. Além de que, com a chuva, as vassouras e pragas se proliferam, têm mais doenças, dá mais trabalho, por exemplo na seleção de frutos, além da menor renda”, aponta Venâncio Leal. Ele acrescenta que o  excesso de água ainda pode impactar na qualidade da amêndoa, se ela entrar em contato com a água durante a quebra do cacau, além de contaminar o mel. Apesar de não serem tão utilizados hoje em dia, a persistência do clima chuvoso também pode acarretar na utilização da secagem a lenha ao invés da natural (a pleno sol na barcaça). 


Com as chuvas de 2021 e 2022 e a cheia do Rio Cachoeira, as lavouras do assentamento Frei Ventury foram invadidas por uma lama poluída que impregnou os pés de cacau, arrancou os frutos e impediu a floração, gerando uma queda de produção ainda maior que a seca de 2015. “Isso cria um impacto  porque você perde seu poder de conseguir quitar seus débitos. Na lavoura a gente faz empréstimos para poder tocar o trabalho, investimentos, então você precisa ter o retorno dela para você conseguir quitar, quando isso não acontece atrapalha toda a sua vida”, desabafa Maísa. Durante as enchentes quatro casas do assentamento foram destruídas e os moradores ficaram ilhados até as águas baixarem. O local ainda serviu de ponto de socorro para ajudar comunidades vizinhas que foram mais afetadas. “Esses eventos tem piorado sim ao longo desses anos, E isso deixa o agricultor com uma incerteza muito grande porque quando fala que vai ter um volume alto de chuva, a gente já fica com medo de perder tudo”, desabafa. 


Em defesa da cabruca 


Ao refletir sobre os eventos climáticos desde que chegou a Fazenda Taboquinhas em 2015,  Seu Oswaldo acredita que não se pode olhar o problema pela lógica isolada de um produtor de cacau, mas enxergar seu papel na conservação dos ecossistemas que compõem toda a região. “São fenômenos que também são causados por má utilização do solo, má conservação das margens dos rios, obras, às vezes até públicas, que são feitas sem obedecer os critérios, sem se preocupar por leis ambientais constituídas. Então são várias coisas que ao longo do tempo apresentam grande impacto. Por exemplo, se os rios estão assoreados e vem essa estiagem mais intensa, ele fica com muitas áreas que não são mais  navegáveis e atrapalha o fluxo de locomoção, a galera que trabalha com turismo, as pessoas que sobrevivem da pesca, vai afetando a vida de um monte de gente de um jeito ou de outro”, aponta. 


Para ele, uma das formas do cacauicultor fazer sua parte é lutando pela defesa do sistema de cacau cabruca. “Cacau planta água, cacau é responsável por esses rios limpos, cacau ele tá em consórcio com vegetação, com floresta, esse é o sistema cabruca. Cabruca é biodiversidade, é vida”. Na Fazenda Novo Oriente, Edmilson defende certeiro: o cacau cabruca é a melhor maneira.  Destacado pelos produtores, alguns dos benefícios da planta do cacau estão na retirada de carbono da atmosfera, armazenamento de água e entrega alimento.



Trabalhadores realizando o corte do cacau / Foto: Luiza Gonçalves

“A expectativa é a de um olhar diferente para o cacau do sul da Bahia, pela quantidade de conservação que a gente faz dentro de um processo de lavoura. Você olha isso e fala “isso aqui é sua mata”, não, isso aqui é minha roça de cacau. Eu acho que a gente ainda aposta muito nessa visão, a gente vê a condição da sustentabilidade na cabruca. Hoje meu processo de renovação é embaixo de cabruca e tentando imaginar como dentro desse contexto a gente consegue aliar as técnicas, potencializar serviço, unir a mão de obra e os conhecimentos e fazer uma produção que funcione no coletivo”, finaliza Antônio Lavigne. 


Acesse a versão em áudio da reportagem com relatos dos produtores:









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